O homem representa a figura mais próxima de
Deus. Ele é a mais perfeita criação que a raça humana conhece. Sua
história se perde na imensidão do tempo, tornando sua evolução um
mistério. Segundo Allan Kardec, todos os seres são criados simples e
ignorantes e o mérito de sua evolução é pessoal, de forma que cada
espírito traça seu próprio caminho. As diversas existências que o homem
vive servem para testar e exercitar o aprendizado que ele foi incumbido
de adquirir, em favor do seu aperfeiçoamento moral e intelectual – e,
sobretudo da sua felicidade espiritual.
Em nome do progresso
A lapidação da pedra bruta, que visa se
transformar em um diamante cintilante, não é fácil; Exige muito esforço,
tempo e cuidado para adquirir o efeito desejado. È desta forma que
podemos comparar a evolução humana, uma pedra bruta em constante
lapidação, da qual quanto mais sujeira se tira, mais iluminada se torna.
Como ensina Allan Kardec na classificação dos mundos, o planeta Terra
está na categoria de planeta de provas e expiações, ou seja, como a
própria classificação mostra, aqui é o terreno das provações. Esteja
encarnado ou desencarnado, o homem é constantemente testado, quando tem
oportunidade de avaliar seu desempenho perante as provas da vida.
Pessoas mais sensíveis captam esta informação e a guardam como uma
preciosidade, pois sabem que todas as provas da existência terrena estão
condicionadas ao progresso. Aceitam com tranquilidade as dificuldades
que a vida trás, sem questionar ou colocar em dúvida os desígnios de
Deus. Outros, porém, veem o sofrimento como uma punição e fazem da vida
um templo de lamentações.
Todos os seres humanos que habitam a Terra
já passaram por mundos inferiores. Neste mundo a vida é muito mais
complicada se comparadas às dificuldades encontradas por aqui. Segundo a
Doutrina Espírita, a raça humana estagia através de inúmeras
reencarnações adquirindo conhecimentos. Assim num futuro próximo,
consegue migrar para mundos ou planos espirituais onde não sejam mais
necessárias as provas para o espírito, pois ele já estará preparado
para outras etapas da evolução.
Provas e Punição
Algumas pessoas confundem provas com
punição dada a “atitudes erradas” de outras existências. Pensando desta
forma, entende-se que Deus é um pai severo e punitivo, que castiga seus
filhos pelas travessuras aprontadas. A espiritualidade mostra que não é
bem assim. Deus não pune ninguém. Apenas mostra o caminho reto; quem se
desvirtua deste caminho certamente sofre as consequências de um trajeto
mais difícil. Ainda assim, estes tropeços nada têm a ver com as provas
reais que a vida impõe. O Espiritismo mostra que a criação de Deus passa
por vários ciclos de existências. Primeiro, os reinos naturais, onde a
criatura conhece os princípios básicos da criação. Quando chega à classe
humana, o homem está preparado para impetrar novos valores ao seu
currículo. Nesta fase despertará a razão e cada passo dado será
importante para o seu aprimoramento.
Através de inúmeras existências, o ser
humano vive e revive situações nas quais pode expressar sensações e
emoções importantes para o seu aprimoramento, com chances de errar e
aprender. Além de fazer escolhas certas e erradas; nesta etapa costuma
sofrer, talvez (ou não), por ainda não entender com humildade a
necessidade das dificuldades extremamente importantes para sua evolução.
Estas são as provas. É como um jogo: cada fase fica mais difícil a
partir do momento em que o jogador consegue passar para níveis mais
avançados. Porém, como um jogador persistente, o homem pode vencer todas
as fases. Como pode também estagnar e ficar anos, às vezes séculos ou
milênios, na mesma etapa, lamentando-se por achar a vida muito difícil.
Uma chance a mais...
Quando se fala de provas, imagina-se uma
relação de aprendizado e estudo, na qual a existência representa a sala
de aula. As vicissitudes da vida são os testes, pelos quais o ser humano
terá de passar. Deus, que tudo sabe e a todos vê, acompanha o
desenrolar destes testes e o nosso progresso através das provações. O
espírito é livre para escolher antes de reencarnar as provas que passará
em vida física. Então não adianta culpar Deus ou quem quer seja pela
dificuldade que passamos; certamente fomos avisados que não seria fácil.
Como disse Kardec (Livro dos Espíritos – questão 843) “Sem o
livre-arbítrio, o homem seria máquina”. Somos responsáveis pela nossa
vitória ou nossa derrota, mas nunca devemos nos esquecer de que não nos
encontramos sozinhos. Deus estará sempre do nosso lado, nos dando força e
nos guiando pelo caminho certo a seguir. Basta aprender a perceber os
recados que ele envia, através de diversos mensageiros. “Deus lhe supre a
inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir como fazeis com a
criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu
livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é
que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por
desatender os conselhos dos bons espíritos. A isso é que se pode chamar a
queda do homem. “(Livro dos Espíritos – questão 262).
Resgates de Débitos, Expiações e Provas.
Provas
A provação é uma experiência que o espírito
passa, como um teste, para avaliar seu desempenho perante os
compromissos assumidos antes de reencarnar.
Resgate
Resgates são novas oportunidades dadas aos
encarnados, para que através de existência novas junto daqueles a quem
contraiu débitos possa quitá-los. Reaproximam pessoas, estreita laços
perdidos e faz florescer o amor, mesmo quando a relação é marcada pelo
ódio e rancor.
Expiação
Expiação diz respeito às experiências que o
encarnado precisa vivenciar para reparar algum erro ou atitude
equivocada. Por exemplo, se o cidadão comete um roubo em determinada
existência, é quase certo que, no futuro, também será roubado ou passará
por privação exatamente daquele bem que ele roubou.
Em resumo, a expiação é sempre uma provação. Juntas, são colaboradoras fiéis em casos de resgates.
Se analisarmos com coerência o significado
da palavra expiação, veremos que ela traduz com bastante ênfase a benção
da quitação. Se uma pessoa faz algo sabendo que está errado e que,
portanto, não deve ser praticado, deve responder por sua
irresponsabilidade. Esse acerto de contas é importante para o espírito
que, enquanto não expia seu erro, mantém-se preso a ele como uma espécie
de lembrança ao erro cometido. Porém algumas pessoas se comprometem
tanto com uma vida baseada em preceitos cristãos, que tornam esta
quitação praticamente nula frente aos bons atos praticados, de forma que
lhe é livrado o acerto. Ou seja, o débito é perdoado! Os resgates
também estão relacionados a acertos de contas, porém, de forma mais
sutil. É um acerto de contas através do entendimento, do perdão e do
amor. Assim são os casos familiares e conjugais, cujas histórias das
mais diversas formas são levadas ao âmbito familiar para o estreitamento
de laços de forma fraternal.
Raphael de Assis
Nenhum comentário:
Postar um comentário